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Por mais que digam que não: Nós podemos respirar!

Já parou para prestar atenção na sua respiração hoje? Já pensou a sério a respeito do fato de que você pode respirar! Estou a quase um mês no processo de escrita e junção de elementos para a construção desse texto. Nesse tempo, diversas perspectivas a respeito da respiração me foram apresentadas e convido vocês a refletirem comigo sobre elas.   Vamos começar pela antiguidade, em meu resgate de África, a filosofia do continente se apresenta diariamente em meus estudos. Mas só recentemente tive o prazer de me conectar um pouco mais com a prática da yoga kemetica através do coletivo negro chamado Rekhetyoga , conduzido pelo casal Karimá Serene e Furaha Imani, meus primos, com quem tenho a honra de partilhar dessa jornada de construção de uma comunidade. Mas o fato é que em todas as aulas o foco é sempre na respiração. Shu é a divindade kemetica responsável pelo ar e com eles tenho aprendido que essa é a máxima da yoga: Respirar! Respirar é o centro de qualquer movimento da yoga e na
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Existe preto do Brasil x preto dos EUA?

[Esse texto era para o Instagram, mas ficou grande 🤷🏾‍♀️] Perdi o sono em mais uma madrugada e comecei a questionar os debates que estão sendo feitos, muita coisa importante sendo pautada e outras tão levianas que beiram à hipocrisia. Precisamos urgentemente abandonar o debate preto no Brasil x preto nos EUA. Enquanto perdemos tempo nessa briga, não olhamos pra a situação da forma que ela merece ser olhada.  Somos Afrikanos em qualquer lugar onde estivermos. Precisamos começar a nos enxergar como nação, como um povo e onde um de nós estiver sendo degradado todos nós estaremos. O fogo na delegacia em Minneapolis é significativo a todos nós, pois lava a honra por George, João, Evaldo, Ágatha dentre tantos outros. Pretos no Brasil nunca foram pacíficos, relembrem nossas revoltas no passado, somos quilombolas, somos Malês! Conheça pessoas que fazem muito na atualidade. Conheço várias, por isso, não desanimo. Pensando nisso, lembrei-me de cada passo que dei nos últimos 6 anos,

Dia da África e os laços que precisamos celebrar

Foi no dia 25 de maio do ano de 1963 por intermédio do imperador da Etiópia, Haile Selassie, que nasceu a Organização da Unidade Africana que posteriormente viria a se chamar União Africana (2002). Até os dias atuais celebra-se essa data como o dia da África, com o objetivo de demarcar a importância histórica do envolvimento de 32 países africanos que pensaram em Unidade, em reforçar os laços, incluindo cada um de nós os africanos em diáspora. Trago comigo, em minhas falas de estudo e militância, princípios do pan-africanismo, da afrocentricidade e unidade africana. No texto de hoje entrelaçada a cada um desses princípios quero falar sobre laços, dos palpáveis aos intrínsecos que fazem com que seja extremamente necessário comemorar e mais do que isso refletir sobre a data de hoje. Acredito que essa celebração reforça que nossa reconstrução enquanto povo se dará a partir de uma África livre, no continente e na nossa subjetividade dada na diáspora. O Honorável Marcus Garvey, quando e

Carta para a minha mãe

Faz um tempo que todos os meus textos remetem a você. Se antes eu já te usava como referência para muitas coisas, e sim eu já tinha total ciência disso, atualmente vejo você em praticamente todas as minhas falas, sinto sua presença e ouço sua voz em cada dúvida que tenho. Você me fez ser quem sou hoje! Dentre as inúmeras crises que sempre permearam a minha existência, de uma coisa eu tenho certeza você veio ao mundo para acender meu sol. Com sabedoria ancestral, me orientou a ser um ser humano melhor todos os dias. Talvez eu não tenha aproveitado bem a oportunidade, a gente sempre acha que alguma coisa ficou para traz, que algo não foi dito, que o mundo é injusto, porque nós duas merecíamos mais tempo juntas. De uma coisa eu tenho certeza: nós aproveitamos o nosso tempo! Seja nas brigas, nas diferenças que alimentamos e de todos os gritos que elas causaram, nós vencemos tudo isso e nos tornamos amigas. Você aceitou meu crescimento, desde que eu atendesse suas ligações, eu ace

Odeio falar sobre cabelo

Deveria estar fazendo outras mil coisas que foram planejadas para o meu dia de hoje, mas a vontade de escrever é assim, ela vem e muita das vezes não dá para resistir, por isso, aqui estou escrevendo algo que vem permeando minha fala nos últimos meses: Eu odeio falar sobre cabelo. Resolvi escrever, porque, não dá para simplesmente odiar um tema é preciso discorrer sobre ele. A discussão sobre o cabelo para nós mulheres negras, muitas das vezes é o primeiro contato político com o debate frente às violências racistas que enfrentamos em nosso cotidiano, isso, devido ao fato de que essa sociedade machista produz um estereótipo padrão no qual todas as mulheres devem se encaixar para serem aceitas diante da sociedade. Para nós, esse padrão fica ainda mais inatingível frente a um cabelo que não se adéqua ao que o ocidente nos coloca como perfeito e diante desse problema, NÓS SOFREMOS! Todas nós, ou melhor, a grande maioria PRETA enfrentou horas de alisamento químico com dores, ferid

Intolerância contra religiões de matrizes africanas também é um ato de racismo

O fato de a intolerância religiosa caminhar de mãos dadas com o racismo provoca, muitas vezes nos órgãos responsáveis por fiscalizar e punir, certa leniência, não porque a intolerância não deva ser combatida, mas porque estes órgãos ainda são incapazes de lidar de maneira eficaz com os temas ligados ao racismo. (Gualberto, Márcio Alexandre Martins 2011, p. 10) Terreiro  de Candomblé Aafin Oxumarê/ Foto: Naty Melo (utilizada no TCC: Relicário)  Começo com um trecho do Mapa da Intolerância Religiosa, uma junção de reportagens que retratam a intolerância religiosa no Brasil, para falar exatamente sobre o racismo e o quanto esses dois problemas estão interligados. As religiões africanas que cultuam os orixás datam de um histórico de mais de sete mil anos, porém no Brasil elas nascem a partir da chegada dos negros escravizados ao país. A primeira delas o Candomblé nasce no navio negreiro, juntamente com as mulheres negras, que na África tinham a responsabilidade de cuidar dos

Sobre as nossas lutas diárias e necessárias

No último dia 25 de julho organizei junto de outras amigas um evento chamado EmpoderAÇÃO das Pretas, em Uberaba Minas Gerais. O evento teve como objetivo comemorar o dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha e também o dia da rainha do quilombo do Quariterê, Tereza de Benguela. O evento nasceu de uma vontade minha de militar pelas questões negras e de me unir com outras pessoas que tivessem o mesmo ideal em Uberaba, onde o movimento é pequeno e não atende as demandas atuais da nossa comunidade. Posso dizer que o saldo desse encontro foi completamente positivo, além de fortificar minha amizade com as organizadoras do evento, pude conhecer outras pessoas que também possuem o mesmo interesse de trabalhar pela questão e isso por si só, já foi um resultado incrível. Porém, junto com tantas coisas positivas uma carga de negatividade atingiu minha vida, minha timeline e meu inbox (hahaha) e confesso que isso me abalou de certa forma. Muitas pessoas vieram me procurar dizendo que m